quinta-feira, 7 de outubro de 2010

3° dia - Livro mais barato que você comprou

Pensei durante muito tempo sobre o que seria "Mais Barato". Poderia ser somente o livro (ou "os") que comprei pela menor quantidade de dinheiro. Mas o conceito de barato também é relativo, pois, para mim foi extremamente barato comprar "Diário da Ilha" e "Transtempo" (Lindanor Celina e Benedicto Monteiro respectivamente) autografados por apenas 10 R$ cada. Também posso ter achado barato comprar um Camus novo ou um Milton Hatoum por 6 R$. Posso considerar uma pechincha meu "Novo Dicionário da Língua Latina" que comprei por 80 R$ novo, enquanto o preço de mercado não é menor que 100 R$.


Preferi seguir a primeira opção, e os livros mais baratos que eu comprei foram:


Rubro Amanhecer - Tom Cooper
Esse livro eu comprei em uma banca de revista pelo módico valor de 2 R$. Isso mesmo... 2 R$. De certa forma, foi um preço justo, pois, se pagasse mais por esse livro, provavelmente me arrependeria.

Rubro Amanhecer conta a turbulenta história de amor entre Nancy e Bradford. Há no livro outros personagens como por exemplo Rafe Johnson, Dan Donahue, Ed Richard e o general Tran Vinh Lin, (-SPOILER) um vilão pouco profundo (-SPOILER), além de outros. "Rubro Amanhecer" se compõe de uma história de amor, violência, sangue, aventura, exército americano, cultura oriental, sequestro e etc... tudo que se possa imaginar para impedir o amor do pobre capitão Bradford e sua querida Nancy.

Agora vem os problemas: O livro é um clichê do início até o fim, os personagens possuem descrição muito pobre (isso quando possuem uma descrição), os personagens são pouco atraentes e muito "mecânicos", enquanto o final não é nem um pouco surpreendente. É verdade que há tensão e conflito em todo o livro, mesmo assim, não é um livro que faz muito bem essa tarefa. Outro ponto negativíssimo (essa palavra existe?) do livro é a mistura de elementos (sensualidade, seriedade, ocidente, oriente, entre outros) que não foi muito bem manejada.

Rubro amanhecer é um livro que foi escrito para ser um Best Seller alla Dan Brown, mas falhou em sua tarefa. Talvez o que faltava para esse livro é polemizar a igreja e virar filme (se é que não virou). Não vou nem comentar a tradução do título para não entrar em desgosto (Triad of Knives para "Rubro Amanhecer"). Agora vamos para o próximo livro barato que comprei.

Edição Lida:
COOPER, William Thomas. Rubro Amanhecer. 2ª Ed. Traduzido do inglês por Elsa Joana Frezza. São Paulo: Nova Cultural, 1991, 226p.


Carro dos Milagres - Benedicto Monteiro
Assim como Rubro Amanhecer, comprei o Carro dos Milagres por 2 R$, e por coincidência também é da editora Nova Cultural. Na minha opinião foi uma aquisição mais feliz. Porém nem tanto.

Carro dos Milagres é o primeiro livro de contos do escritor Benedicto Monteiro (nascido em Alenquer e membro da Academia Paraense de Letras, morto em 2008), e veio após os dois primeiros livros de sua Tetralogia Amazônica (Verde Vagomundo, O Minossauro, Terceira Margem e Aquele Um). A obra em si é boa, e até certo ponto revolucionária. A forma com o que Benedicto escreve é interessante e até então inédita no Brasil (mas já havia sido usada por outros escritores, como Camus por exemplo); é muito interessante a relação entre narrador e narratário no livro, bem como as diferentes versões da história no conto "O Sinal", conto esse que na minha opinião é o melhor do livro inteiro.

Mas aí ao comparar "O Sinal" com o conto que deu título à obra "O Carro dos Milagres", vemos uma diferença de qualidade absurda. Para quem interessar possa, "O Carro dos Milagres" é uma conversa (em certa hora um monólogo) entre dois "cumpadres" na festa do Círio de Nazaré (festividade tradicional de Belém do Pará).

Aí vem os outros contos. E:
...
...
...
Não, eles não são ruins, o problema é que são transcrições EXATAS de pequenas narrativas presentes no romance "O Minossauro" (e novamente re-repetidos em "Aquele Um"). Isso inclui os contos: "O Papagaio", "O Precipício", "O Pau Mulato" e "Fim de Mundo". Enfim, a maioria do livro é um recorte de outro romance do autor, que foi recortado de novo e incluído em outro. São ótimos contos, mas o fato de eu ter lido "Aquele Um" antes de "O Carro dos Milagres" me dá a ideia fixa de "falta de criatividade" do autor, e faz com que minha pechincha não seja muito válida.

Por fim, há um outro conto chamado "O Peixe" que também é bom, e que vale apena ser lido, conto esse que mostra a influência dos rios e do pensamento religioso em comunidades ribeirinhas pobres.

Edição Lida:
MONTEIRO, Benedicto. O Carro dos Milagres. 2ª Tiragem exclusiva para o estado do Pará. Rio de Janeiro: Nova Cultural, 1975, 95p. (Co-Edição com a Editora Boitempo).


Como eu fiz quase uma resenha hoje, estou me controlando para não colocar nota nem adicionar marcadores nessas postagens.

Amanhã teremos o livro mais caro.

Um comentário:

  1. Boa noite.
    O livro O Carro dos Milagres é de leitura obrigatória para o vestibular deste ano, quero saber como vc consseguiu comprar, pois já tentei de todas as formas e não conssegui.
    Desde já agradeço pela atenção e aguardo resposta.
    e-mail: nepomucena1@hotmail.com

    ResponderExcluir

Related Posts with Thumbnails